Cães de rua: um problema centenário em Palmas

A situação dos cães de rua ganhou ampla repercussão nas últimas semanas em Palmas, Sul do Paraná, a partir de um projeto lançado pela prefeitura municipal, para comprar uma casa e instalar uma clínica veterinária pública no local.

Apesar de voltar à tona agora, o problema dos cães de rua não é novo em Palmas. Há muitos anos que a temática é discutida. Há pelo menos 142 anos, para ser exato. Não entendeu? Então senta, que lá vem a história.

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Durante uma pesquisa, realizada há algum tempo, no acervo da Fundação Cultural de Curitiba, encontrei um documento com o seguinte título: “O presidente da Câmara municipal de Palmas solicita 100 pastilhas caninas para a matança de cães”. Sem muitos detalhes quanto ao teor do documento, o arquivo apresentava informações sobre a data de envio da solicitação: 16 de maio de 1881. Confesso que não dei muita atenção àquele achado na época.

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No mês de junho, a Câmara de Vereadores de Palmas começou a discutir um projeto de lei que autoriza a prefeitura a comprar uma casa, no centro da cidade, pelo valor de R$ 1,1 milhão, com a finalidade de instalar uma clínica veterinária municipal. A proposta ganhou repercussão, com manifestações contrárias de grupos de voluntários que atuam no atendimento a animais de rua, que afirmam não haver justificativa para o município adquirir tal estrutura, sendo que já possui outros espaços que teriam capacidade para abrigar a clínica.

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Em meio a toda essa discussão, lembrei do tal pedido feito pelo presidente da Câmara de Palmas há 142 anos. Primeiramente procurei a assessoria do Poder Legislativo, para apurar se, eventualmente, o documento não estaria arquivado na casa. Não sendo possível a sua localização, busquei a Fundação Cultural de Curitiba, que disponibilizou o documento digitalizado.

Assinado pelo presidente da Câmara Municipal de Palmas, Alipio José do Nascimento e Souza, o ofício datado de 16 de maio de 1881, solicitava ao presidente Câmara de Curitiba, Generoso Marques dos Santos, o envio de 100 “pastilhas caninas” para o envenenamento de cães. A presidência da Câmara da Capital comunicou que a solicitação não poderia ser atendida.

Mais de 140 depois, a problemática dos cães de rua continua, mas, o modus operandi para contornar a situação é bem diferente. Obviamente, a “matança de cães” não é uma medida considerada, sendo o tratamento, castração e adoção consciente os meios defendidos e difundidos pelos grupos de protetores independentes.

O poder público, dentro das suas justificativas, busca também integrar esse trabalho, com o projeto inicial de criar a clínica veterinária municipal. O projeto de lei que autoriza a compra da casa para instalação da unidade de saúde animal retornará para 2ª votação pela Câmara de Vereadores na sessão ordinária do dia 7 de agosto.

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