Grupo RBJ de Comunicação
Grupo RBJ de Comunicação,
20 de maio de 2024
Rádios

PRC-280: Da esperança ao caos; do caos à uma nova realidade

Rádio Club de Palmas resgata documentos que contam a história da principal rodovia do Sudoeste do Paraná.

Geral

por Guilherme Zimermann

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Fotos: Arquivos/Diário do Paraná/Rádio Club/RBJ
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Acompanhei na última semana, solenidade promovida pelo governo do Paraná para marcar a finalização das obras de restauração da PRC-280, entre Palmas e o Trevo do Horizonte. A rodovia, asfaltada na década de 1970, recebeu um novo pavimento, projetado para as atuais necessidades dos usuários e do setor produtivo da região.

Governo do Paraná entrega primeira etapa de restauração da PRC-280

[Grupo RBJ de Comunicação] PRC-280: Da esperança ao caos; do caos à uma nova realidade — Foto: Guilherme Zimermann/Rádio Club
Foto: Guilherme Zimermann/Rádio Club

Durante a cerimônia, realizada às margens da rodovia, no conhecido Trevo da Codapar, o pároco da Catedral do Senhor Bom Jesus, padre Adriano Matana, entregou ao governador Ratinho Junior, uma cópia do convite para a inauguração da primeira obra, em abril de 1978. O documento está anexado junto ao Livro Tombo da Catedral.

[Grupo RBJ de Comunicação] PRC-280: Da esperança ao caos; do caos à uma nova realidade — Capa do convite para inauguração da PRC-280, em 1978. (Arquivo/Catedral de Palmas)
Capa do convite para inauguração da PRC-280, em 1978. (Arquivo/Catedral de Palmas)

Vendo aquele convite, lembrei de uma reportagem que produzi em outubro de 2015, para a Revista Olhar Diocesano, em que parte da história da PRC-280 e a epopeia para o seu tão sonhado asfalto foram contadas.

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[Grupo RBJ de Comunicação] PRC-280: Da esperança ao caos; do caos à uma nova realidade — Governador Jayme Canet Junior assina documentos para inicio das obras da PRC-280 em abril de 1978 (Foto: Arquivo/José Maria de Araújo Perpétuo Filho)
Governador Jayme Canet Junior assina documentos para inicio das obras da PRC-280 em abril de 1978 (Foto: Arquivo/José Maria de Araújo Perpétuo Filho)

Os primeiros projetos para a pavimentação asfáltica da rodovia datam do final da década de 1950, com o inicio das obras em 1976, quando o então governador, Jayme Canet Junior, esteve em Palmas para assinar a ordem de serviço, fato documentado em matérias jornalísticas e em fotos da época.

Além disso, um importante registro histórico foi documentado por Valdir Luiz Gehlen, que, filmou partes da visita do governador para o lançamento da obra. De acordo com descrição feita por ele, no filme, captado em Super-8, aparece Canet desfilando na Rua Doutor Bernardo Ribeiro Vianna, juntamente com o prefeito José Maria de Araújo Perpétuo e demais autoridades. Na sequência, são assinados os documentos para o asfaltamento da rodovia e o vídeo termina com o local do início das obras.

A seguir, são reproduzidos o texto e as imagens da reportagem veiculada pela Revista Olhar Diocesano, em sua edição de outubro de 2015:

[Grupo RBJ de Comunicação] PRC-280: Da esperança ao caos; do caos à uma nova realidade

Já denominada como “Rodovia do Trigo”, “Rodovia da Esperança” e até “Rodovia do Inferno”, a PRC-280, após 60 anos das primeiras movimentações para a sua construção, novamente é palco de manifestações da população, que pede, encarecidamente, ao Governo do Paraná, uma solução para o caos. Essa solução virá, através de pedágios, conforme anunciado pelo governador Beto Richa (PSDB), em julho deste ano.

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Projetada embrionariamente no segundo governo de Moysés Lupion (1956 – 1961) com a denominação de “Rodovia do Trigo”, ligando Curitiba, Araucária, Lapa, São Mateus do Sul, União da Vitória, Palmas, Clevelândia, Pato Branco, Barracão até Medianeira, a PRC-280, hoje, é a principal via de ligação entre Oeste, Sudoeste e Capital do Estado.

[Grupo RBJ de Comunicação] PRC-280: Da esperança ao caos; do caos à uma nova realidade

A conexão rodoviária é um dos principais modais para o transporte de cargas para os portos do Paraná e Santa Catarina e também para o fluxo de turistas argentinos e paraguaios que vêm passar suas férias no litoral sul do Brasil.

No entanto, a PRC-280 também é motivo de inúmeras reclamações dos seus usuários, em decorrência das péssimas condições de conservação, com buracos, ondulações e recapes malfeitos, que comprometem a trafegabilidade normal, segura e confortável.

Várias são os movimentos e iniciativas junto às esferas competentes para dar à rodovia o aprimoramento necessário para atender às atuais demandas, muito diferentes e complexas em relação ao que se pensou em meados do século XX.

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[Grupo RBJ de Comunicação] PRC-280: Da esperança ao caos; do caos à uma nova realidade

Assim como a Carta do Sudoeste, entre outras manifestações ocorridas recentemente, pedindo soluções para a situação da rodovia, este contexto rodoviário sempre foi motivo de organização política em âmbito regional desde que o chão batido era o único meio para ir e vir à região. Naquele tempo, os cidadãos sudoestinos também precisaram se movimentar para que tivessem o seu desejo atendido.

Como forma de reviver o ímpeto por mudanças e melhorias na região, nesse aspecto tão evidenciado que é a referida rodovia, a reportagem da Revista Olhar buscou junto à Biblioteca Nacional, recortes de jornais que contam um pouco da história da PRC-280.

[Grupo RBJ de Comunicação] PRC-280: Da esperança ao caos; do caos à uma nova realidade

O inicio do projeto para o asfaltamento da rodovia se deu no final da década de 1950, época em que a demanda regional já exigia a atenção dos governantes, porém, somente nos anos 1970 e efetivamente no governo Jayme Canet Júnior (1975 – 1979), que o tão sonhado asfalto tomou conta da então BR-280.

De acordo com as publicações, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) conclui os estudos para a então Rodovia do Sudoeste em abril de 1963. Na época, a produção agrícola da região era de um milhão de toneladas e o tráfego diário era de 1.200 veículos. Segundo estimativa da época, o Estado investiria 5,5 bilhões de Cruzeiros somente para a implantação básica e melhoramentos e posteriormente, com recursos externos, realizar a pavimentação asfáltica.

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Desde o princípio, também houve acentuada disputa entre as forças políticas e empresariais da época para definir o traçado. Diferentemente do que é hoje, a rodovia continha em seu trajeto inicial a ligação entre União da Vitória, General Carneiro e Palmas.

Porém, em 1967, no Governo Paulo Pimentel (1966-1971), alterações no plano rodoviário, tiraram Palmas do traçado da Rodovia do Sudoeste. No novo percurso, a rodovia sairia de União da Vitória, ligando-se a Bituruna e Clevelândia. Foi graças as forças de Palmas que permitiu uma conexão do Oeste ao Sul paranaense, tal qual conhecemos hoje.

Naquele tempo, a população palmense mobilizou-se através de entidades de classe e da sociedade civil organizada, reivindicando a rodovia, assim como constava do plano inicial. Após reuniões junto ao Governo, os palmenses receberam todas as garantias de que o município seria sim, contemplado pela rodovia, que já era chamada de “Rodovia da Esperança”.

Entretanto, as atenções do Executivo Estadual voltaram-se para outro empreendimento rodoviário, a BR-158, ligando Pato Branco à localidade dos Três Pinheiros, na BR-277, à época Guarapuava, e a região teve que esperar mais um pouco. Em 1974, no Governo de Emilio Hoffmann Gomes (1973-1975), o trecho entre Pato Branco e Francisco Beltrão era pavimentado, obra concluída em 1975, fazendo a ligação com a BR-158.

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Em maio de 1975, a Acipa (Associação Comercial e Industrial de Palmas), encaminhou uma carta ao Governo do Estado, expondo a insatisfação da população em meio à tantas promessas. De acordo com o documento, o município contava com uma população de 27 mil habitantes e uma extensão territorial de 4,7 mil km². A produção agrícola girava em torno de 750 mil sacas ao ano e um rebanho de 50 mil cabeças de gado. A publicação destacava também o contexto histórico do município, quase centenário, sede da Diocese, sede de uma unidade do Exército Brasileiro, além de já contar com a sua Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFI), com 4 cursos e mais de 940 acadêmicos.

Naquele mesmo ano, no mês de julho, em visita ao município, o governador Jayme Canet, anunciou o Programa Rodoviário do Sudoeste, que previa até o ano de 1979, a pavimentação do trecho entre Palmas e Pato Branco e de mais de 500 quilômetros de estradas na região. No ano seguinte, durante os festejos dos 97 anos de emancipação político-administrativa do município, o Governador anunciava o inicio oficial das obras da Rodovia da Esperança.

Dois anos depois, no dia 14 de abril de 1978, com a presença do Governador, secretários de Estado, deputados estaduais e população em geral, era inaugurado o primeiro trecho da PR-280, ligando Palmas ao distrito de Santa Rita, interligando à BR-153. No mês de novembro, o governo anunciava a conclusão do trecho entre Palmas e Pato Branco.

Passados 38 anos, a luta agora não é mais para uma rodovia asfaltada, mas uma rodovia modernizada. No mês de julho, o governador Beto Richa (PSDB) anunciou a concessão da PRC-280 à iniciativa privada. Segundo a Secretaria de Infraestrutura e Logística do Estado, os técnicos da pasta estão em fase conclusão dos estudos das necessidades da rodovia.

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Após isso, deverá ser lançado o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para que as empresas interessadas em operar o trecho, por um período de 25 anos, apresentem as suas propostas. A estimativa é de sejam investidos mais de R$ 1,8 bilhão no período de concessão. O Governo propõe uma tarifa básica de R$ 6,00 a cada 50 dos 284 quilômetros da rodovia.

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