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Grupo RBJ de Comunicação,
07 de maio de 2024
Rádios

Clima adverso resulta em perda de produção e qualidade da uva

Agricultura

por redação

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[Grupo RBJ de Comunicação] Clima adverso resulta em perda de produção e qualidade da uva — uva 2
uva 2
A meteorologia tem um papel fundamental na qualidade, produção e quantidade de uva vendida. Nesse contexto, a produção da uva de mesa está comprometida para esta safra. Os produtores do Sudoeste estão desanimados com a qualidade do produto que vai chegar ao consumidor final. Entretanto a quantidade, apesar da perda de aproximadamente 50% da produção, será satisfatória para atender a demanda regional, garantiu o vice-presidente da Cooperativa Amperense dos Produtores de Vinho (Coopevi), Vladimir Pelissari, que é responsável pela assistência técnica aos produtores de uva da região de Ampére.

A uva de mesa foi colhida com antecedência, mesmo assim perdeu produtividade e qualidade. Já a colheita agora, são das uvas que vão para a indústria, mercados e atendimento no varejo, e estas são de uma qualidade mais inferior, exatamente pela falta de maturação nos parrerais, e por causa do clima atípico para a época do ano. “A uva está apodrecendo verde e não temos nenhuma solução para combater esse fato. A produção está comprometida, os produtores vão perder dinheiro e a qualidade está bem abaixo daquilo que sempre entregamos”, afirmou Pelissari.

[Grupo RBJ de Comunicação] Clima adverso resulta em perda de produção e qualidade da uva — Barracão da Coopervin que está praticamente vazio, se comparado com a mesma época do ano passado. Ao lado esquerdo da foto são garrafas vazias, que deveriam estar cheias, se tivesse produto. À direita os vinhos e sucos de uva engarrafados.
Barracão da Coopervin que está praticamente vazio, se comparado com a mesma época do ano passado. Ao lado esquerdo da foto são garrafas vazias, que deveriam estar cheias, se tivesse produto. À direita os vinhos e sucos de uva engarrafados.

Na microrregião de Francisco Beltrão a situação não é diferente. Um sítio localizado na Secção São Miguel a uva está totalmente podre, ainda no parreiral. A justificativa do produtor, que preferiu não se identificar, para não perder negócios futuros, é de que a queda na produção se deve ao fato do incidência de granizo e geada nos meses de setembro, período em que a produção precoce estava maturando, e também,  a insuficiência de tempo para o desenvolvimento da uva tardia. Em Salgado Filho, a história não foge a regra. O secretário de agricultura do município, Astério Marchetti justifica a perda pela impossibilidade de realizar os tratamentos fitossanitários obrigatórios nos parreirais durante os meses que antecedem a colheita, e por isso, a perda dos produtores salgadenses será de aproximadamente 40%.

A preocupação é tão grande, que o barracão da Cooperativa dos Viticultores do Sudoeste (Coopervin) está praticamente vazio. A produção de sucos de uva e vinho está comprometida por falta do produto in natura. A solução, talvez, seja comprar a uva do Rio Grande do Sul, porém a produção de lá, também não foi boa. “A queda de produção é de 70% e alguns produtores terão prejuízos altos. Nossa venda também será fraca nessa safra. Aquilo que temos em estoque é em decorrência da armazenagem da última safra”, explicou o Enólogo da Coopervin, Everton Nava, vice-presidente da entidade.

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[Grupo RBJ de Comunicação] Clima adverso resulta em perda de produção e qualidade da uva — O produtor Ilário Durini mostrando a estética e a qualidade da uva produzida na propriedade da família.
O produtor Ilário Durini mostrando a estética e a qualidade da uva produzida na propriedade da família.

Boa produção e colheita

Mas enquanto uns lamentam, outros comemoram. Seu Ilário Durini, que tem propriedade às margens da rodovia PR 566, está contente com a produção e venda da uva. “A qualidade não é aquela que eu queria, perdeu um pouco do açúcar, mas não dá pra se queixar”, disse o produtor. Ele antecipou a colheita em uma semana, justamente para diminuir a perda. “Normalmente colhemos depois do natal, mas esse ano antecipamos para a segunda quinzena de dezembro, assim conseguimos vender o produto com boa aparência, com poucos grãos podres e boa qualidade, apesar de ter perdido um pouco da doçura, se comparado com a produção do ano passado”, comentou Ilário.

Na propriedade de 1 hectare de plantação de uva, são 350 mil pés com as espécies de uva Bordô, Niágara branca e rose, e ainda Isabel precoce. Ao todo são cinco pessoas trabalhando na manutenção e colheita da uva, que é vendida, somente, em casa, no varejo. “Toda a produção é vendida aqui em casa. Para você ter uma ideia, na virada do ano, vendemos mais de mil quilos de uva, e olha que o tempo não colaborou. Era uma fila quilométrica na entrada da propriedade, de carros e pessoas, querendo comprar a minha uva que está muito boa” destacou. Entretanto, essa boa produção tende a acabar, em no máximo 10 dias. “Só conseguimos manter a qualidade porque fazemos o tratamento correto durante todo o ano. Não vivemos só da produção de uva, porque temos melancia e aviários, mas a rentabilidade é alta, mesmo vendendo a um preço médio de R$ 3,00, o quilo”, finalizou seu Ilário.

Destaques na produção de uva no Paraná

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O Paraná ocupa a quarta colocação na produção nacional de uvas seguido por Bahia e Santa Catarina, atrás apenas do Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco. São produzidas no estado principalmente variedades de uva fina, de mesa e, em menor escala, a produção de uvas rústicas. Encontra-se também em expansão o cultivo de uvas com castas europeias vitis vinífera para fabricação de vinhos finos. A produtividade média do Paraná é de 17,5 toneladas de uva por hectare, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 5,9 mil hectares colhem-se 100 mil toneladas por ano. Presente em quase todo o Estado, as regiões que mais se destacam na produção de uvas são o noroeste e norte, principalmente o município de Marialva, distante 18 quilômetros de Maringá, responsável por pouco mais de 50% da produção estadual.

O oeste e sudoeste têm grande importância, porém, em uma atividade voltada mais para a produção de vinhos. A Região Metropolitana de Curitiba também conta com uma boa produção, principalmente Colombo, Campo Largo e São José dos Pinhais. Exceto pelo litoral, em todas as outras regiões há presença da vitivinicultura. Entre as uvas com maior presença no Estado estão as variedades Itália, Rubi, Benitaka e Brasil. Entre as uvas rústicas, as mais produzidas são a Niágara rosada e branca e Tercy (Bordô).

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