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30 de abril de 2024
Rádios

Vinhos de Bituruna é orgulho para a cidade e referência no País

Produção começou com famílias de descendentes de italianos vindos do Rio Grande do Sul.

Economia

por Elvin Santos

TREVO BITURUNA
Foto: Roberto Dziura Jr/AEN
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Famílias de descendentes de italianos vindas do Rio Grande do Sul na década de 1920 escolheram a região de Bituruna, no Sul do Paraná, como seu novo lar. Além de roupas e móveis, trouxeram na bagagem mudas de diversos tipos de uvas que já tinham o hábito de cultivar. Entre elas, estava a Casca Dura, cujo vinho produzido no município se tornou uma referência nacional de qualidade.

Após dois anos de trabalho das vinícolas da região, atualmente comandadas pelos netos e bisnetos dos primeiros produtores, o vinho de Bituruna fabricado com a uva Casca Dura obteve o selo de Indicação Geográfica (IG) do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

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A bebida típica compõe um grupo de 12 produtos paranaenses que possuem a IG. O reconhecimento foi concedido à Associação dos Produtores de Uva e Vinho de Bituruna (Apruvibi), formada por quatro vinícolas: Bertoletti, Sanber, Di Sandi e Dell Mont. Além da história familiar em comum, elas carregam um trabalho de parceria que ajudou a projetar a cidade para o mundo enológico, chamando a atenção de viticultores e apreciadores de vinho de todo o Brasil.

Michele Bertoletti Rosso é enóloga e a atual administradora da Vinícola Sanber, cujo nome é uma junção dos sobrenomes das duas famílias que se instalaram em Bituruna antes mesmo da cidade ser formalmente constituída, quando ainda era conhecida como Colônia Santa Bárbara: Sandi e Bertoletti.

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A empresária, que também é a atual presidente da Apruvubi, conta que a IG é resultado do esforço conjunto dos viticultores locais, que também tiveram o apoio do poder público e de outras entidades.

CARACTERÍSTICAS – A Casca Dura, como o nome já sugere, possui uma película mais resistente do que outras uvas. Além disso, a fruta tem menos mosto do que outras mais tradicionais, o que demanda um volume maior para se produzir a mesma quantidade de vinho.

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Para um litro de vinho, são necessários 1,4 quilo de uva no caso da Niágara, 2 quilos quando utilizada a Bordô e cerca de 3 quilos para a produção com a Casca Dura. Devido a essa característica, a produção média anual das vinícolas de Bituruna é de apenas 60 mil garrafas, o que torna o produto ainda mais exclusivo.

 

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EXCLUSIVIDADE – Outro que herdou o amor pelas uvas e o vinho dos seus “nonos” foi Claudinei Bertoletti, que atualmente preside a Associação dos Vitivinicultores do Paraná (Vinopar). Ele é o enólogo responsável pelo desenvolvimento de novos produtos e administrador da vinícola Bertoletti ao lado de outros três irmãos.

TURISMO – Além da renda obtida diretamente com as vendas do vinho engarrafado, as vinícolas de Bituruna têm atraído cada vez mais turistas, o que ajuda a movimentar os hotéis, pousadas, restaurantes e o comércio em geral da cidade.

Na Vinícola Sanber, é possível visitar uma casa original dos primeiros colonizadores da região que atualmente funciona como um museu, com móveis, roupas, acessórios e equipamentos utilizados na produção vinícola à época. A programação ainda inclui uma visita aos parreirais, tanto os originais quanto os mais modernos, a degustação das uvas na época da safra e dos diferentes vinhos produzidos.

Como as quatro vinícolas estão concentradas na mesma região do município, a própria estrada de ligação tornou-se uma atração turística. Batizada de Rota do Vinho, ela foi pavimentada com o apoio do Governo do Estado e da prefeitura e, além de servir como acesso às propriedades, também recebe outros eventos sazonais ao longo do ano.

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A cada dois anos, Bituruna sedia a Festa do Vinho, que atrai centenas de turistas em busca de bons vinhos, comida italiana, shows musicais e produtos coloniais.

 

Para quem gosta do contato maior com o meio ambiente, é possível participar da Caminha da Natureza, um evento para todas as idades em meio aos vinhedos, araucárias, erva-mate e outras árvores e plantas típicas da região Sul do Paraná.

A Apruvibi também promove um encontro voltado aos vitivinicultores, com discussões técnicas sobre o cultivo e produção do vinho.

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Outro evento que já se tornou tradicional no calendário de Bituruna é o Desafio Rota do Vinho, uma corrida que alia a paixão pelo esporte à valorização da cultura e da gastronomia local. O evento é organizado pela Associação dos Corredores de Bituruna (Acorb), com o apoio da prefeitura, e já teve oito edições desde 2015.

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A corrida possui modalidades para adultos e crianças, com traçados de 5 e 16 quilômetros, além de revezamento em duplas. Os atletas passam pelos principais pontos turísticos da cidade, incluindo o Garrafão, um monumento de 18 metros de altura no trevo da PR-170 que faz alusão aos antigos recipientes onde o vinho era armazenado.

Na Rota do Vinho, eles ainda têm a chance de correr pelo meio das vinícolas e dos parreirais. O percurso torna-se ainda mais bonito porque a corrida acontece sempre no começo do ano, quando as uvas estão prontas para a colheita, fazendo com que os atletas menos competitivos e mais focados na recreação até mesmo parem para saborear a fruta direto das videiras.

CULINÁRIA ITALIANA – Além de ser servido como bebida, o vinho de Bituruna também está muito presente em diversos pratos da culinária local graças a empreendedoras como as irmãs Sandra e Samira Bertoletti. As duas são sócias-proprietárias, junto com outras irmãs e a mãe, do Restaurante 7 Colinas, um dos mais tradicionais da cidade.

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O estabelecimento atende o público geral no almoço, em sistema de buffet, e grandes grupos em eventos fechados. É possível experimentar uma vez por semana o tradicional ossobuco com polenta, um prato originário da cidade de Milão, na Itália, e amplamente reproduzido pelos restaurantes especializados.

No caso do 7 Colinas, a receita leva em seu preparo uma taça de vinho Casca Dura, o que garante um sabor único e uma forte identificação com a cidade.

O vinho também está presente no preparo da carne assada de carneiro, no risoto, no sagu e em molhos e geleias feitos com gengibre e cebola.

REVITIS – Desde 2019, o Governo do Estado reforçou o incentivo à produção de uvas, sucos e vinhos com a criação do Programa de Revitalização da Viticultura Paranaense (Revitis). Além de ajudar a produzir mais e com qualidade superior, o programa também apoia a industrialização, a comercialização e o desenvolvimento do turismo em torno da uva.

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Assim como em outras regiões, em Bituruna o Revitis auxilia projetos para expandir a atividade. As ações incluem a entrega de 15 mil mudas de uva bordô, também amplamente utilizada para a produção de vinhos no município, e R$ 158 mil em recursos para obras e equipamentos, beneficiando 43 produtores familiares. (Fonte: Aen/PR).

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