“Existe um sistema de corporativismo em torno de leis e projetos de reformas”, critica Bispo de Palmas/Francisco Beltrão

“Por vezes, nas decisões finais, a voz da Igreja e outras vozes que se levantam no Brasil não são ouvidas”, criticou o Bispo da Diocese de Palmas/Francisco Beltrão, Dom Edgar Xavier Ertl, sobre projetos de Lei e reformas propostas pelo Governo, onde a Igreja, através da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), se posiciona contrariamente, posição que muitas vezes não é seguida pelos representantes do povo em Brasília. Ouça a entrevista clicando aqui

Afirma Dom Edgar que o momento exige posicionamentos por parte da Igreja. “Mas, muitas vezes, a CNBB é uma voz que grita no deserto”, lamenta, criticando uma espécie de “corporativismo que se cria em torno de leis e projetos de reformas”.

Esse sistema está baseado em interesses particulares, aponta Dom Edgar, citando o exemplo das discussões em torno das renovações dos contratos de concessões de pedágios das rodovias do Paraná. “Tem deputados que estão trabalhando para essa renovação por mais 25 anos porque estão ganhando com isso”, afirma.

Para o Bispo Diocesano, valores como a dignidade, acabam sendo sobrepostos pela ganância e vantagens indevidas. “Mesmo que a Igreja se posicione, no finalmente das decisões, quem é que tem voz mesmo? Qual é a voz que prevalece? Qual a voz que será ouvida? Infelizmente, a voz do mercado, a voz econômica tem falado sempre mais alto. Oxalá, quem sabe um dia mudemos a cabeça de todos”, diz Dom Edgar.