Especialista questiona índices inflacionários apurados pelo IBGE
Pesquisa do Deral aponta que os preços de alimentos subiram mais de 30%. IBGE informa inflação do último ano em 6,17%.
Economia
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), levantado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e que serve como uma prévia da inflação oficial do país, acumulou, em abril, alta de 6,17% na comparação dos últimos 12 meses.
De acordo com o IBGE, transportes, alimentação e bebidas foram os grupos que mais impactaram na alta. No entanto, esses números são questionados pelo Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral).
Mensalmente, o Deral realiza um levantamento de preços, tanto dos valores recebidos pelos produtores rurais, como também dos preços praticados pelos supermercados na venda de alimentos.
O técnico do Deral, Ivano Carniel, pontua que a população tem sentido de forma expressiva o aumento nos preços dos alimentos, o que muitas vezes é apontado como culpa dos produtores. “Mas é importante ressaltar, que o agricultor é o único profissional que não faz preço no seu produto, isso é ditado pela oferta e demanda”, frisa.
A ascensão dos preços da soja e milho, principais insumos para a alimentação de animais, é um dos fatores para o aumento das carnes e do leite. “Tudo isso tem reflexo lá na prateleira do supermercado e o consumidor que faz suas compras mensalmente sente isso no bolso”, aponta o técnico.
Citando o estudo do IBGE, questiona o percentual de 6,17, visto que o IGPM (Índice Geral de Preços – Mercado), levantado pela Fundação Getúlio Vargas, que mede o custo de vida das famílias com diferentes rendas, ultrapassou 30% nos últimos 12 meses.
Na pesquisa de preços praticados pelos supermercados feita pelo Deral, na comparação entre março de 2020 e março de 2021, os alimentos aumentaram, em média, 27,5%. “Valor que obviamente não bate com o índice inflacionário apontado pelo IBGE, então nós corroboramos com o levantamento da FGV, que mede o IGPM”, afirma Carniel. Ouça no player abaixo:
Preço médio da cesta básica em Palmas
Pesquisa mensal realizada pelo Departamento de Jornalismo da Rádio Club apontou que o preço médio da cesta básica ficou em R$ 497,60 no mês de abril, valor cerca de 1% menor que o registrado em março, quando a média foi de R$ 503,45.
Na comparação com os últimos 11 meses, de maio de 2020 a abril de 2021, o preço da cesta básica subiu 18,5% em Palmas. Porém, durante 2020, o preço médio da cesta básica chegou a ultrapassar R$ 500,00, chegando a R$ 522,12 no mês de dezembro.
O levantamento mensal é realizado em cinco estabelecimentos de diferentes pontos da cidade e baseia-se nos produtos e quantidades definidos pelo Decreto-Lei 399 da Presidência da República de 1938, que apresenta uma lista de alimentos, com suas respectivas quantidades, e que seria suficiente para o sustento e bem estar de um trabalhador em idade adulta.