Grupo RBJ de Comunicação
Grupo RBJ de Comunicação,
04 de maio de 2024
Rádios

Adapar defende novo vazio sanitário, mas produtores de soja são contrários

AgriculturaGeral

por redação

Publicidade

Um encontro técnico e acalorado marcou a presença de profissionais da ADAPAR (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) e produtores rurais na sede da Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop) na tarde desta quarta-feira (03). Em pauta as normativas de 2015 que ampliam o vazio sanitário que inviabiliza o plantio da soja safrinha em todo Estado.

A iniciativa da Unidade da Adapar de Francisco Beltrão, que contou com apoio da Amsop, Seab-PR, Feap/Senar, Emater e os conselhos da de sanidade agropecuário (CSAs) da região, atraiu um grande público de produtores rurais, agrônomos, representantes de revendas de insumos agrícolas, cooperativas, sindicatos rurais, estudantes, pesquisadores, prefeitos, vereadores e até deputados.

A mobilização se explica pela relevância econômica que a safrinha de soja se tornou para a região – em torno de R$ 200 milhões em 2016 – frente a normativa que impede o cultivo. Do outro lado, técnicos da ADAPAR e pesquisadores da Embrapa defendendo a importância da medida para tentar evitar o aumento da resistência dos fungos da ferrugem asiática, que vem provocando perdas de produtividade em todo País.

As maiores discussões estavam na adoção da medida no Paraná enquanto em Santa Catarina, Paraguai e Argentina não, já que o fungo se espalha pelo vento, e do porque não ampliar a data limite de colheita. Na próxima semana o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estará debatendo o assunto com todos os Estados. Atualmente somente o Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná adotaram as medidas.

Publicidade
Publicidade
[Grupo RBJ de Comunicação] Adapar defende novo vazio sanitário, mas produtores de soja são contrários — Auditório da Amsop ficou lotado. Foto: Evandro Artuzi/RBJ
Auditório da Amsop ficou lotado. Foto: Evandro Artuzi/RBJ

Embate

Se de um lado os pesquisadores e doutores explicavam a cadeia produtiva da soja no Estado, os avanços da ferrugem, a falta de perspectiva em pelo menos 8 anos para novos produtos, a resistência do fungo para o excesso de aplicações, e os motivos para a adoção das medidas, do outro os doutores colocavam suas dúvidas e questionamentos.

A pesquisadora da Embrapa Londrina Claudine Dinali Santos Seixas relatou que estudos mostram o avanço da resistência da ferrugem frente aos fungicidas em todo País, e o efeito pretendido com a decisão. “Pesquisas mostram que a incidência de aplicações torna a ferrugem mais forte e com a safrinha podemos prejudicar ainda mais a safra normal do outro ano. Não podemos arriscar o grande volume da safra de verão por conta de manter a safrinha”, reafirma Claudine. Se a região Sudoeste está na penúltima colocação do Estado na produção de soja safra normal, assume a liderança na safrinha, quase 50 mil hectares em 2015/2016.

O engenheiro-agrônomo gerente de sanidade vegetal da ADAPAR Marcilio Araújo reforçou as datas expedidas na portaria. “O zoneamento libera a semeadura da soja a partir do dia 16 de setembro até o dia 31 de dezembro. E a colheita precisa ser feita até o dia 15 de maio, e se forem identificadas lavouras com ferrugem e fora de controle serão eliminadas”, frisou o agrônomo reafirmando a preocupação com o volume de aplicações/safra.

Publicidade
Publicidade
[Grupo RBJ de Comunicação] Adapar defende novo vazio sanitário, mas produtores de soja são contrários — Adriano, Claudine E Marcílio defenderam as normas da Adapar. Foto: Evandro Artuzi/RBJ
Adriano, Claudine E Marcílio defenderam as normas da Adapar. Foto: Evandro Artuzi/RBJ

Mesa de debate

As explicações não convenceram grande parte do público, que lançou perguntas para a mesa de debate formada pelos palestrantes e pelo engenheiro-agrônomo da Adapar Adriano Reisemberg. Ouviram questionamentos de presidentes de sindicatos rurais, como o de Pato Branco Oradi Caldato, também integrante da Faep; de representantes da Arias (Associação das Revendas de Insumos Agrícolas do Sudoeste do Paraná), de produtores como o de Mariópolis José Brandelero, e do presidente do Sindicato Rural de Francisco Beltrão Euclides Neufati. Embora Euclides seja favorável as medidas de proteção a soja, os demais entendem que a região está sendo prejudicada.

“O nosso clima é diferente não viabiliza safrinha de milho e o feijão é muito incerto, além de ser recomendada rotação por causa das doenças. A safrinha de soja se firmou e está oportunizando um bom negócio, que agora será interrompido. Vejo que se for ampliado o prazo em pelo menos até 20 de janeiro para plantio podemos viabilizar grande parte”, argumentou Caldato. Claudine foi enfática. “Em todas as regiões querem alterar calendário, mas não dá. Nós batemos cabeça por muito tempo para encontrar o período adequado, e essa que foi definida não será alterada”, disse.

Outros produtores também questionam a presença de soja guaxa, ou voluntária nas áreas onde não há safrinha, que não recebem tratamento. A pesquisadora diz que essa soja tem que ser eliminada até 15 julho e isso é lei. Se todos cumprirem não prejudica a próxima safra. Lideranças, sindicalistas e produtores dizem que não vão desistir e que devem levar suas solicitações aos deputados e governo.

Publicidade
Publicidade

Publicidade