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Grupo RBJ de Comunicação,
01 de maio de 2024
Rádios

‘Nem mesmo a Ditadura foi tão truculenta como o massacre contra os professores’

Educação e Cultura

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Em entrevista à Rádio Onda Sul FM, o professor Adilson Alves, da Unioeste de Francisco Beltrão, disse que nem mesmo a Ditadura Militar foi tão “truculenta” como o “massacre” contra os professores, em Curitiba, na semana passada. “Já tenho quase 50 anos de idade e peguei o finalzinho da Ditadura Militar, fazendo movimento estudantil, seja no Grêmio ou no DCE. Nunca a Ditadura Militar agiu com tanta truculência.” Luiz Carlos Baggio, apresentador do programa Onda News, se referiu ao assunto como um “confronto”, mas Adilson Alves considera um massacre, pois na opinião dele não houve reação de um dos lados.

“Na verdade não foi um confronto, foi um massacre. No confronto você tem duas partes querendo se confrontar e ali não foi o que aconteceu. Foi uma agressão aos funcionários públicos no geral, que estavam reivindicando seus direitos de aposentadoria. A polícia jogou bom nos professores durante duas horas. Foi um atentado violento, antidemocrático contra os professores e funcionários públicos no direito de serem ouvidos. Mancha a imagem do Paraná e coloca em cheque a capacidade de dialogar com a sociedade, os deputados não permitiram a entrada dos manifestantes na Assembleia”, disse Adilson Alves, que questiona a medida adotada pelo Governo do Paraná. “Todo mundo entende que o país passa por dificuldades. Mas o que não se entende é que essas dificuldades não foram criadas pelos funcionários públicos. O que precisaria era o Governo assumir que errou na gestão e negociar com os sindicatos. Partiu-se pra cima com uma violência exacerbada.”

Adilson Alves explicou para os ouvintes a real situação do conflito registrado em Curitiba entre funcionários públicos e policiais que cercavam a Assembleia Legislativa. “Para o ouvinte entender o que aconteceu, é que o Estado do Paraná coloca no Paraná Previdência quase 34 mil funcionários públicos que nunca contribuíram para o fundo para retirarem dinheiro deste fundo. O Paraná Previdência foi criado em 1998 por uma reforma da previdência do Estado, e naquele ano foram separadas as massas, uma que nunca contribuiu com o Paraná Previdência e uma parte que passaria a contribuir com esse fundo. E esses funcionários que nunca contribuíram são de responsabilidade do Estado. O Paraná sempre pagou a aposentadoria desses funcionários. Agora, com essa tentativa de modificar a estrutura do Paraná Previdência, esses funcionários que nunca contribuíram com o Estado passam a receber. Aí está a grande questão.”

Segundo o professor, a mudança compromete a sustentabilidade do Paraná Previdência. “O fundo era sustentável por 59 anos. Desta maneira, a solvência dele cai para 25 ou 27 anos. Então se coloca uma pressão muito grande sobre o Paraná Previdência. Há uma preocupação muito grande com o futuro. Então, na prática o Estado vai tirar desse fundo nos próximos quatro anos aproximadamente R$ 7,5 bilhões e se comprometeu em colocar em 2023 R$ 1 bilhão, que é um dinheiro dos royalties da Itaipu. Na prática, no INSS, o patrão paga uma parte e o funcionário contribui também. No Paraná Previdência, o Estado não vinha pagando e já deve para esse fundo cerca de R$ 7 bilhões. Então os funcionários não aceitam esse tipo de modificação, esse é o grande debate.”

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