Livro “Poesiar”: Uma pausa para ler poesias

Lançar um livro não é uma tarefa fácil, ainda mais se tratando de poesias. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que é realizada pelo Instituto Pró-livro, em 2016 o gênero ocupava a oitava posição entre os mais lidos do País.  O público ainda é pequeno, porém, na contramão dessa tendência está a obra “Poesiar” do escritor e docente da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) Campus Pato Branco, Marcos Hidemi de Lima.

A obra foi lançada no dia 05 de junho, no Sesc de Pato Branco. O livro publicado pela editora Medusa, está disponível para compra em Francisco Beltrão, na Livraria Nobel e custa R$ 35,00 e também disponível em outras livrarias da região.

As temáticas em Poesiar se subdividem em três diretrizes principais, porém, Hidemi destaca que o leitor não irá encontrar essas três linhas claramente definidas ao longo das páginas. “Grande número de poemas vai tratar sobre alguns dilemas existenciais que vivemos atualmente, sobretudo a importância que temos dado ao ter em detrimento do ser. Em virtude disso, os poemas tendem a uma faceta pessimista e amarga em relação ao ser humano. A outra vertente que existe no livro relaciona-se a questões lírico-amorosas. Como Bandeira, valorizo mais a carne do que o espírito. Portanto, o leitor vai encontrar certo predomínio de poemas marcados por um forte teor erótico. A terceira e última temática constante em Poesiar diz respeito a metapoemas. Isso está ligado ao fato de eu gostar muito de tratar sobre o próprio fazer poético, e isso se evidencia nos vários poemas que tratam sobre a construção da própria poesia, do ato da criação poética.”

O professor, também falou sobre o lançamento do livro que aconteceu no dia 05 de junho, no Sesc de Pato Branco. “Foi muito bom, o Ricardo Corona veio para cá e aproveitou para lançar na cidade a Revista Canguru e mais cinco livros de poetas de Curitiba, todos editados pela Medusa. Dividimos o evento em três partes. Primeiramente, falei um pouco sobre Poesiar, sobre o fato de conviver com a poesia desde a infância e passar a escrever poemas sistematicamente a partir dos quinze anos e finalizei lendo alguns poemas do livro. Na sequência, o Ricardo falou sobre a Canguru, apresentou algumas questões pertinentes à revista, mostrou no Datashow alguns poemas visuais muito bacanas e declamou alguns poemas que estão na Canguru. O encerramento foi bem emocionante: dois alunos de Letras, Isadora da Rosa e Anthoni da Cruz, fizeram uma leitura dramatizada de alguns poemas meus, acompanhados pelo violão de um moço chamado Vinícius.”

A professora, Rosangela Aparecida Marquezi participou do lançamento da obra e após a leitura, concluiu: “Poesia é sempre remédio para a alma. E quando esse remédio ainda vem com indicação expressa de ação, mais eficiente ainda. Explico: ao transformar em verbo a palavra poesia, Hidemi nos está indicando solução para transformação interior. Vamos ‘Poesiar’! Outra questão importante a respeito desse livro, é que ele nos mostra um crítico, um professor que discute e explica poesia das melhores do nosso cenário nacional, aventurando-se a ser o outro lado. Aquele que vai ser analisado e não mais analisar. Isso é despojamento, e quem conhece o Marcos pessoalmente sabe que isso é da sua natureza. Polidez, mansidão e conhecimento. Muito conhecimento. Um dos poemas que mais me chamou atenção inicia dizendo ‘Quando eu entardecer definitivamente’, verso homônimo ao título, e segue: ‘E for noite, um céu sem estrelas, / Podem imediatamente me esquecer’. Isso é denso. Metafórico. Poético. É daqueles poemas que queremos reler para entender mais e profundamente. Vejam que forma linda, que só um poeta consegue de definir a morte: ‘Serei eterno passageiro / De uma viagem interminável para o estrangeiro’. Marcos se mostra, por meio de um eu-lírico, fazendo com que nos identifiquemos com suas dores, amores, tédio, alegria, vida! Recomendo sua leitura em noites frias, com um bom copo de vinho, mas também em dias ensolarados, de muito pensar a vida.”

Sobre as expectativas com a obra, Hidemi conta que espera uma boa recepção dos leitores. “Como todo livro que publico, fico cheio de expectativas de que vá receber boa recepção dos leitores. Todavia, sei que isso é difícil. Embora haja muitos leitores hoje em dia, a maioria não lê poesia. As pesquisas mostram que quem lê gosta mesmo é de textos em prosa. E aí entram os romances, os textos de autoajuda etc. A poesia vem por último.”

Publicação

A publicação do livro foi possível a partir da inscrição no primeiro edital do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE), que aconteceu em 2015. Segundo Hidemi, o processo de inscrição foi complicado e exigia entre vários documentos, a necessidade de fazer certidões negativas na esfera municipal, estadual e federal. “Antes de candidatar-me, tive que buscar uma editora interessada em publicar o Poesiar, meu livro. Fiz contato com a Editora Medusa, do Ricardo Corona. Mandei os poemas e ele me deu aval positivo em relação aos poemas do futuro livro. Submeti o projeto na categoria de livros de autores que habitavam cidades entre 20 mil a 100 mil habitantes. No ano seguinte, fui informado que minha proposta havia sido aprovada. ” Ou seja, a partir disso o PROFICE autorizava, por meio de um documento, a captar recursos em Pato Branco da iniciativa privada, que em contrapartida retornaria para as empresas por meio de compensações no ICMS.

Logo após receber o certificado do PROFICE, o autor conta que, “até pensei em sair pela cidade e ver se alguém apostava no Poesiar. Entretanto, acabei descartando tal ideia. Quem é que apostaria numa pessoa de fora da cidade? Quem é que bancaria no todo ou em parte um livro de poemas em Pato Branco? Era improvável. Deixei a parte de captação em banho-maria. Cético, fiquei esperando o momento do acerto de contas para informar que o projeto havia gorado. Por volta de março ou abril deste ano, ocorreu um fato inusitado. O Ricardo Corona me ligou todo animado. Contou-me que a Copel ia bancar o projeto. Foi outro corre-corre para apresentar à Copel documentos etc. e tal. Mas foi muito bom. Poesiar tornou-se realidade”, destacou.

Desafios

Ao comentar as dificuldades com a publicação de Poesiar, ele cita o processo de aprovação pelo comitê editorial, um dos momentos mais tensos. “Como todo livro, a publicação passa por aqueles procedimentos que costumam deixar qualquer pessoa um pouco estressada. Uma das coisas que sempre me deixa tenso relaciona-se ao processo de avaliação do comitê editorial. Em todos os livros que publiquei, a expectativa do que vão achar da proposta de publicação sempre me deixou bastante angustiado. Mesmo assim, acho importante receber o aval de gente especializada das editoras. É um sinal de que o livro tem alguma qualidade. ”

As releituras necessárias antes de o texto efetivamente virar livro, é o segundo aspecto citado por Hidemi. “É preciso reler a obra depois que passou pelo crivo do revisor; depois é necessário reler o texto quando foi diagramado; há ainda a releitura do ‘boneco’ do livro; enfim, com o volume impresso, também é preciso relê-lo novamente. Tudo isso com o objetivo de evitar que a obra saia com algum erro. Excetuando esses dois fatores, que são comuns no universo do livro, não encontrei outras dificuldades na publicação de Poesiar.”

Para adquirir o livro:

Livraria Nobel

Fanpage: facebook.com/NobelFranciscoBeltrão

Rua Ponta Grossa, 2111, Centro.

Fone: (46) 3055-2930