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Grupo RBJ de Comunicação,
07 de maio de 2024
Rádios

Governo cede pressão argentina e prejudica produtores de maçã de Palmas

AgriculturaGeral

por redação

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[Grupo RBJ de Comunicação] Governo cede pressão argentina e prejudica produtores de maçã de Palmas — Decisão da ministra desagradou fruticultores. (Foto: Sérgio Lima/Folhapress)
Decisão da ministra desagradou fruticultores. (Foto: Sérgio Lima/Folhapress)

Com o anúncio da erradicação da Cydia pomonella, o Governo brasileiro anunciou no mês de março, a suspensão da importação de maçãs, pêras e marmelos da Argentina, decisão tomada, à princípio, para proteger os agricultores brasileiros de uma possível volta da doença. Na época, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, afirmou que “na questão de defesa sanitária e controle de pragas e doenças, o Brasil não pode transigir. A tolerância será zero, independentemente do parceiro comercial”.

[Grupo RBJ de Comunicação] Governo cede pressão argentina e prejudica produtores de maçã de Palmas — Maçã argentina volta a ter livre trânsito no Brasil
Maçã argentina volta a ter livre trânsito no Brasil

Menos de três meses depois do anúncio da suspensão, o Governo brasileiro revogou o embargo às frutas argentinas. Coincidentemente, no mesmo dia, a Argentina, após três anos, retirou o embargo à carne brasileira, que desde 2012 tinha a sua venda proibida no país vizinho, por causa da confirmação de um caso do mal da vaca louca em Mato Grosso. Embora o Brasil não seja exportador de carne para a Argentina, o Ministério da Agricultura avaliava que o embargo prejudicava a imagem da carne brasileira no exterior e comprometia oportunidades de negócios com outros países.

As suspensões foram vistas como uma troca de favores entre Brasil e Argentina, desagradando, principalmente os fruticultores brasileiros, sobretudo, do sul do país. Os produtores, através da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM) e outras entidades representativas deverão ingressar com representações contra o Governo brasileiro e contra a ministra da Agricultura e seus assessores. A informação é do presidente da Frutipar (Associação dos Fruticultores do Paraná) e diretor-técnico de qualidade da ABPM, Ivanir Dalanhol.

[Grupo RBJ de Comunicação] Governo cede pressão argentina e prejudica produtores de maçã de Palmas — Dalanhol teceu duras ao Governo Federal pela decisão "que vai contra os produtores brasileiros"
Dalanhol teceu duras ao Governo Federal pela decisão "que vai contra os produtores brasileiros"

Conforme ele, num caso único no mundo, após muito tempo, mão-de-obra e dinheiro público, o Brasil conseguiu a erradicação da Cydia pomonella. Após isso, já com o anúncio de que o país estava livre da doença, a ABPM iniciou ações para que o país fechasse as suas fronteiras para a entrada de frutas argentinas, para proteger a produção brasileira. O Governo levou um ano para atender os pedidos dos produtores.

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Revelou que mesmo durante o período de embargo, o Ministério da Agricultura autorizou a entrada de 50 cargas de maçãs da Argentina. Dessas, 28 cargas continham frutas com larvas da Cydia pomonella vivas. “Ou seja, não adiantou nada!”, declara Dalanhol.

Após isso, veio a liberação total e a entrada de qualquer fruta argentina em solo brasileiro. “Num canetaço, liberou tudo e facilitou de uma forma tão grande, que nós não conseguimos entender o quê o Ministério da Agricultura está querendo com isso. Parece até que está jogando contra o produtor de fruta do Brasil.”, dispara.

Informou que as entidades estudam o ingresso das representações, pois questionam a veracidade das promessas do Governo argentino em mitigar a Cydia pomonella. De acordo com o Ministério da Agricultura, foi solicitado à Argentina, a reavaliação in loco do planejamento de contingência e mitigação de riscos para a praga, o que foi atendido pelo país vizinho. “Nós sabemos que é mentira! Na última safra a Argentina deveria colher 900 mil toneladas de maçã, quase 1 milhão. Colheu 600 mil. As outras 300 mil ficaram nas plantas, criando Cydia pomonella.”, acusa Dalanhol.

A estimativa do setor é de que, no máximo, em três anos, a doença estará novamente nos pomares brasileiros, atacando as frutas e aumentando os custos de produção para o controle da praga. Dalanhol rechaçou as justificativas da ministra Kátia Abreu, de que o embargo da carne brasileira por parte da Argentina, manchava a imagem do país em outros mercados. “Eu quero saber o quanto que a Argentina compra de carne brasileira. Eles produzem um gado de primeira linha, com uma carne que dá um banho de sabor e qualidade na carne brasileira. A ministra falou que fica chato um país vizinho fechar a fronteira e a gente exportar para outros países. Isso é uma bobagem! Uma bobagem tão grande, que não podemos admitir que um país do tamanho da Argentina, mande no Brasil, porque é isso que eles estão fazendo, mandando no Brasil!”, critica, apontando para o risco da entrada de frutas contaminadas de também de outros países, como a Itália, França e Espanha.

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Como diretor-técnico da ABPM, Dalanhol também atua junto à Frente Parlamentar da Agricultura, na Câmara dos Deputados, como representante da fruticultura. Informou que deverá participar de uma reunião junto aos deputados para também buscar apoio e encontrar uma solução para o impasse. No entanto, não demonstra muita confiança sobre a atuação dos parlamentares sobre o assunto. “Parece que os deputados entraram nesse jogo da ministra, de liberar a carne. Quando nós conversamos (com os parlamentares) ficou um clima de incerteza. Não sei se teremos muita força dentro da Frente Parlamentar da Agricultura nesse momento.”, finalizou.

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