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Grupo RBJ de Comunicação,
02 de maio de 2024
Rádios

Fim da vacinação contra a aftosa não encontra unanimidade entre governo e setor produtivo

AgriculturaGeral

por redação

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Aconteceu nesta semana, no plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná, uma audiência pública com integrantes do governo, representantes do setor pecuário, Secretaria de Agricultura, Ministério da Agricultura e outros, onde foram discutidos os planos do Paraná em suspender a vacinação conta a febre aftosa a partir deste ano. A decisão, não conta com apoio unânime do setor, que preocupa-se com o risco de contágio dos rebanhos, benefício econômico limitado, dentre outros pontos.

De acordo com o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Moacir Sgarioni, o temor é a contaminação do rebanho paranaense via países vizinhos, como o Paraguai e a Argentina, apontando que o argumento de ganho econômico não é compensado pelo risco. Outro ponto seriam as feiras agrícolas, que recebem animais de outros estados.

O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, defende que, para evitar a escassez de animais, a medida do Governo paranaense deve vir acompanhada de uma política de fomento ao setor, visto que o Estado possui um rebanho limitado e a restrição impediria a importação de animais oriundos de estados que estão fora da zona livre da doença sem vacinação, isolando o Paraná.

Um dos setores mais interessados e que fatura cerca de R$ 20 milhões com as campanhas, a indústria de vacinas, aponta que o Estado enfrentaria sérias dificuldades no manejo caso a febre aftosa reaparecesse após a suspensão da vacinação. O presidente da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária), Inácio Kroetz, rebate as argumentações contrárias, indagando sobre os investimentos do setor privado em Santa Catarina para manter o status – o estado vizinho é o único com status de área livre sem vacinação no país.

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O secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, destacou que o Governo do Estado está investindo na construção e reforma de barreiras em divisas estaduais e na contratação de 169 servidores para a Adapar, que deverão estar atuando já no final de junho. A ação integra as estratégias para controle da aftosa e também busca do reconhecimento oficial como área livre da Peste Suína Clássica (PSC).

SC x PR

Diante das justificativas do Governo, o setor produtivo rebate, demonstrando o exemplo de Santa Catarina. Segundo produtores, “as medidas devem ir além da construção de barreiras e contratação se servidores”. O estado catarinense é considerado área livre sem vacinação desde 2007, mas só começou a colher recentemente os frutos de um processo caro e demorado.

Atualmente, Santa Catarina, com um orçamento de R$ 24,8 bilhões, uma área de 95,3 mil km² e um rebanho de 4,2 milhões de cabeças, investe R$ 200 milhões anualmente em sanidade animal. O valor é praticamente o dobro do Paraná, que tem um rebanho de mais de 9,4 milhões de animais, uma área de 199,3 mil km² e um orçamento anual de R$ 49,1 bilhões.

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