Grupo RBJ de Comunicação
Grupo RBJ de Comunicação,
27 de abril de 2024
Rádios

Uma novidade com mais de 130 milhões de anos

Geral

por Islan Roque

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Pouca gente sabe, mas no caminho entre Itapejara D’Oeste e Coronel Vivida existe um local para ser visitado. Uma pena que o lugar não tenha nenhum cartão de visita a não ser uma placa colocada no local pela secretaria do governo do paraná.

Este lugar é Vista Alegre, comunidade agrícola próxima ao trevo que vai a São João e dividida pela rodovia PR 562. São pouco mais de 200 metros onde várias lombadas obrigam o motorista a diminuir a velocidade. Mas mesmo a velocidade baixa não permite que condutores desavisados desfrutem do visual único. Então, o que é que torna este lugar diferente? Não são as habitações cercadas pelas lavouras, mas sim sua localização e geologia. Vista alegre é um dos sítios onde a milhões de anos um meteoro chocou-se com a terra, dando origem a um vale fértil e exuberante.

[Grupo RBJ de Comunicação] Uma novidade com mais de 130 milhões de anos — Vista Alegre, PR - Entre Coronel Vivida e Itapejara D' Oeste
Vista Alegre, PR - Entre Coronel Vivida e Itapejara D' Oeste

O vale é uma cratera resultante do impacto. Esta cratera possui quase 10 quilômetros de diâmetro, tendo sido formada sobre as rochas vulcânicas de basalto. As temperaturas e pressões extremas geradas em decorrência da colisão levaram à fragmentação das rochas que ali se encontravam, ocasionando a formação de materiais únicos no que diz respeito a estes contextos de crateras de impacto.

A idade da colisão do corpo celeste com a Terra ainda não pôde ser determinada, porém estima-se que tenha ocorrido há menos de 130 milhões de anos, com base em relações estratigráficas (Estratigrafia é o ramo da Geologia que estuda a sequência das rochas no sub solo, buscando determinar os processos e eventos que as formaram.
A cratera de impacto meteórico de Vista Alegre, foi descoberta a 10 anos, pelo professor Alvaro Crósta e seus alunos do Instituto de Geociências da Unicamp. O local passou a integrar o patrimônio histórico do estado do Paraná. Na mesma ocasião, os Correios lançaram um selo comemorativo trazendo a imagem de satélite da cratera marcada por uma depressão circular com cerca de 10 quilômetros de diâmetro.

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Estas crateras de impacto não são comuns em nosso planeta, ao contrário do que ocorre em outros corpos planetários sólidos como na Lua ou em Marte. O motivo é que, com o decorrer do tempo geológico, as crateras vão sendo destruídas ou modificadas por fenômenos de erosão, sedimentação e movimentos de placas tectônicas. A terra já sobreviveu a inúmeros impactos, mas o homem moderno não testemunhou nenhum, já que a probabilidade de uma ocorrência deste porte é de uma a cada milhão de anos.

A mais jovem dessas evidências indiretas é a Cratera do Meteoro, no Arizona (EUA), que tem 50 mil anos. Até hoje, 174 crateras foram descobertas na Terra, sendo apenas cinco no Brasil: Domo de Araguainha (MT/GO), Riachão (MA), Serra da Cangalha (TO), Domo de Vargeão (SC) e Vista Alegre (PR).

Um detalhe em relação às crateras de Vista Alegre e Vargeão, é que ambas foram formadas sobre os basaltos da Formação da Serra Geral e estão separadas por pouco mais de 100 quilômetros de distância. Isto sugere que elas podem ser “gêmeas”, formadas por um mesmo corpo celeste que se dividiu ao entrar na atmosfera.
Esta depressão em Vista Alegre foi ocasionada por um corpo celeste, segundo estudiosos, viajando pelo espaço a velocidades de 4.000 a 26.000 km/h. Estima-se que para formar a cratera, a energia foi equivalente a 260 mil bombas iguais à que destruiu a cidade de Hiroshima.

Além da profunda deformação das rochas basálticas existentes no local, outro efeito do impacto foi a elevação do fundo da cratera, de modo semelhante ao que ocorre quando uma pedra cai sobre a água. As pesquisas apontam que tanto as rochas como o corpo celeste foram instantaneamente fragmentados, pulverizados e fundidos com a colisão. A maior parte da nuvem de detritos se espalhou em torno da cratera e uma parte menor depositou-se no fundo, formando um novo tipo de rocha chamada de “brecha de impacto”. São as brechas preservadas da erosão que estão na pequena pedreira tombada e praticamente abandonada e que serviram como principais fontes de informação para se determinar a origem e como se formou a cratera de Vista Alegre. Para saber mais, basta acessar clicando aqui ou então visitar pessoalmente o local.

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