Suicídio, um tema pouco discutido na sociedade
Saúde
por Francione Pruch
Suicídio, palavra de grande impacto, mas pouco debatida na família, ambientes educacionais, na sociedade. O nono mês do ano é voltado à prevenção contra o suicídio, trabalho desenvolvido através da Campanha Setembro Amarelo em vários municípios.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos, e atinge mais de 800 mil pessoas por ano. No Brasil, os números são preocupantes, levantamento realizado pelo Ministério da Saúde aponta que 11 mil pessoas tiram a própria vida por ano, sendo que a maioria é do sexo masculino.
Para reverter esse quadro, o tema tem que deixar de ser um tabu, principalmente no meio familiar, segundo comenta o Psiquiatra, Roberto Schirr. “Ainda se fala muito pouco do tema, isso é um dos principais fatores que atrapalham a gente de fazer a identificação precoce e levar ao tratamento para prevenir. O suicídio sempre esteve presente dentro da história da humanidade, o que foi mudando é a forma que a gente interpreta esse ato. Hoje em dia, já sabemos pelos estudos que 96% dos casos tinham pelo menos um transtorno mental identificado e tratável”.
Muitas pessoas acreditam que o suicídio é uma doença, sendo que na verdade os transtornos mentais são os vilões. “O suicídio não é uma doença, mas quase 100% dos casos estão relacionados aos transtornos mentais. Particularmente depressão, transtorno afetivo bipolar, dependência de álcool ou de outras drogas, transtorno de personalidade e esquizofrenia”, enfatiza Schirr.
Nove em cada 10 casos poderiam ser prevenidos, se a pessoa procurasse ajuda. Disponível 24 horas, todos os dias da semana, a equipe do CVV (Centro de Valorização da Vida) está à espera de ligações, mensagens, na proposta de um único ato, ouvir.
Fundado na cidade de São Paulo em 1962, o CVV é uma associação sem fins lucrativos, reconhecida como de Utilidade Pública Federal em 1973. A entidade presta serviço voluntário gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar.
Voluntária da unidade de Curitiba, Claudiane Araújo entrou na entidade para desenvolver o ato de escutar, desde então não parou de colaborar com as pessoas. “Entrei no CVV por uma questão pessoal. Gostaria de aprender a ouvir melhor as pessoas, eu não conhecia a entidade. Numa rádio escutei o curso para aprender a ouvir, isso me chamou a atenção. Pensei que no CVV fazia o curso hoje e amanhã estava trabalhando, mas vi o quanto é uma instituição séria”.
Toda a conversa é mantida em sigilo, não é gravada e a pessoa tem o tempo necessário para falar sobre as dificuldades. “É muito importante falar, se abrir, porque consideramos que falar é a melhor solução. Buscar ajuda, sendo algum profissional da saúde, o CVV, alguém da família, então não deixe guardado os sentimentos, é muito importante compartilhar”, diz Claudiane.
O Centro de Valorização da Vida realiza mais de um milhão de atendimentos por ano, por aproximadamente 2 mil voluntários. A pessoa pode entrar em contato com o CVV pelo telefone 141 (24 horas), pessoalmente (nos 72 postos de atendimento), via chat, VoIP (Skype), e-mail ou pelo site www.cvv.org.br.
Trabalho Curso Medicina
A Liga Acadêmica de Psiquiatria da Unioeste desenvolveu neste mês atividades no Calçadão, no centro de Francisco Beltrão. Estudantes entregaram panfletos e alertaram sobre o problema. A atividade foi realizada aos sábados pela manhã. “Suicídio tem que ser falado, mas lembrar de que deve ser falado de forma correta, visando à prevenção”. Frisa Schirr.