A educação palmense no Regime Militar

No dia 31 de março o Golpe Militar de 64 completou 50 anos, desde a  deposição  do então Presidente da República, João Goulart, e que instaurou um regime de 21 anos, onde o Brasil foi governado pelas Forças Armadas.

Durante essa semana, a imprensa em geral, tem produzido materiais alusivos à esse período, sobre a realidade vivida em grandes centros, onde a aglomeração de pessoas e a influência, tanto dos órgãos do governo, como da oposição, geraram embates violentos entre as Forças Armadas e militantes da esquerda.

Dessa forma, o departamento de jornalismo da Rádio Club de Palmas, sul do Paraná, procurou o relato de uma cidadã palmense, que viveu a transição dos governos e encarou a realidade imposta pelo regime militar, dentro de um dos pilares do então novo governo.

A professora e historiadora Eloyna Ribas, conhecida por seus inúmeros trabalhos que retratam os diversos períodos da história de Palmas, conversou com a equipe de reportagem e contou como a sociedade palmense encarou a notícia de que os generais estavam comandando o país. Segundo ela, a população manteve-se tranquila, pois, por Palmas ser sede do 2º Esquadrão Independente de Cavalaria na época, acreditava-se que as manifestações relatadas pelos jornais não chegariam até o município.

Professora Eloyna conta que foi convidada pelo Ministério da Educação para lecionar, inicialmente, a disciplina de Educação Moral e Cívica e,  posteriormente, as disciplinas de Organização Social e Política Brasileira e Estudos de Problemas do Brasil. Conforme ela, procurava-se não tecer comentários sobre a situação do país, pois, existiam alunos e professores que eram oficiais do Exército. Algumas pessoas, que expressaram suas opiniões, tiveram que comparecer à Sede do Exército, para prestar esclarecimentos, tendo os seus nomes fixados nos arquivos das Forças Armadas.

Por outro lado, professora Eloyna destacou a atuação do Exército no âmbito religioso, onde eram realizadas a Páscoa dos oficiais, missas, além da participação dos soldados em atividades sociais no município, destacando também a atuação do governo militar na implantação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Palmas (FAFI).

Ao falar sobre a transição e a volta da democracia, professora Eloyna critica a falta de qualidade na educação brasileira. Segundo ela, é preciso incutir nas crianças, adolescentes e jovens, qual o significado de ser cidadão, pois “se você não respeita leis, você nunca será um bom vereador, um bom prefeito” e lembrou, que o cidadão deve “saber qual é a sua função, não se deixar enganar, não se deixar ser comprado e deve saber, que depende dele a melhoria do seu país”, finalizou. 

Ouça a entrevista: