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Grupo RBJ de Comunicação,
19 de maio de 2024
Rádios

Diretor da Unipar de Beltrão esclarece na Acefb atual momento do Fies

Geral

por redação

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Enquanto a presidente do Brasil Dilma Rousseff se reunia na terça-feira, 19, com estudantes e membros da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Brasília, para debater sobre os rumos do Financiamento Estudantil (Fies), o mesmo tema era debatido no tradicional “Café Acefb” da Associação Empresarial de Francisco Beltrão. De acordo com o jornal Valor Econômico, o governo federal estuda uma forma de abrir uma nova edição do Fies no segundo semestre deste ano. “O Fies causou um grande transtorno para alunos, pais e educadores. Mas para entender o que está acontecendo temos que voltar no tempo, nas campanhas eleitorais do ano passado, quando o governo federal anunciou na mídia seus programas educacionais como o Ciência sem Fronteira, Pronatec, Prouni e Fies. O governo pensou num projeto de governo e não pensou num projeto de país. E está aí o problema que estamos vendo hoje”, destaca Claudemir de Souza, diretor da Unipar de Beltrão.

Claudemir cita como exemplo a recente greve dos caminhoneiros que praticamente travou o transporte no país, o que, de alguma forma, é um dos fatores para a atual crise. “O governo subsidiou as empresas de transporte com financiamento para a aquisição de 288 mil caminhões. Mas não tem frete suficiente para pagar essa dívida, o país não está crescendo, além do que despencou o valor do frete e o caos se estabeleceu.” “Cada um dos problemas que estamos enfrentando foi por má gestão do governo federal. Com o Fies, Pronatec, Ciência sem fronteiras, as bolsas de estudo para professores estudarem no exterior, tudo foi suspenso. Não foi pensada nas consequências futuras”, lamenta Claudemir.

Mas porque o Fies virou motivo de revolta?

“O juro do Fies era de 3,4% ao ano, onde o aluno financiava 50% ou 100% das mensalidades. Depois de formado, o aluno teria um ano e meio de carência para começar a devolver o restante em 12 anos. Muitas pessoas pegaram 100% de financiamento. Se for feita uma pesquisa, com certeza 50% desses estudantes poderiam pegar apenas 50% do crédito e pagar a outra metade da mensalidade. Aí virou uma bola de neve porque quando você aumenta o volume de financiamento, consequentemente vai se colocando dinheiro nesse processo e não vai tendo o retorno do dinheiro de volta”, explica Claudemir, que também é professor de Finanças na Unipar.

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O diretor revela que o governo federal liberou R$ 1 bilhão em 2010 e R$ 14 bilhões no ano passado, dinheiro esse que não está retornando como deveria. “O ano de 2014 transcorreu normal até o dia 29 de dezembro, quando foi apresentado o Fundo Garantidor de Crédito para as instituições, com juros de 6,4% ao ano. As instituições que quisessem aderir a esse fundo teriam que pagar essa taxa de juro ao governo, além dos 3,4%, totalizando 9,4%. Mas porque a instituição iria emprestar esse valor se o aluno tem que buscar um avalista para avalizar o empréstimo do Fies no banco? Não deu certo e poucas instituições aderiram ao Fundo. Foi então que o governo democraticamente afirmou: ou a instituição adere ao Fundo ou cai fora do sistema do Fies. Não teve jeito, e as instituições se obrigaram a aderir ao Fundo para continuar disponibilizando o Fies aos alunos, dando um alívio ao governo.”

Ministro aprovado

No mês passado tomou posse o novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro. Claudemir diz que o conhece e aprova suas primeiras ações. “O Janine disse num de seus discursos que não adiantava reabrir o sistema de cadastro do Fies porque o problema não era no sistema, e sim porque realmente não havia verba para o Fies.” “O modelo de financiamento estudantil estava bom até 2010, era sustentável. Só que dessa forma o retorno ao caixa do governo iria acontecer a partir de 2020. E como tirar verba de áreas prioritárias como a saúde para fechar esse buraco do Fies? Simplesmente nenhum governo quer isso. Acredito que a Dilma não deve dormir direito, até porque as pesquisas apontam sua rejeição vinda dos jovens entre 17 e 25 anos que viram suas chances de estudar irem para o espaço. De 732 mil alunos beneficiados com o Fies em 2014, caiu para 252 mil neste ano. E tem outro agravante. Você pega um percentual de alunos que conseguiram finalizar o processo no site depois de dias e dias tentando, ele leva pra Unipar, a gente confere, ele escolhe o banco, escolhe o fiador ou o Fundo Garantidor de Crédito. A gente entrega o documento que comprova que o aluno está estudando, ele vai ao banco. Chegando lá, o banco também perdeu o prazo para dar entrada nos procedimentos porque o sistema estava sobrecarregado, ou seja, é o caos completo.”

Claudemir frisa ainda que o ex-ministro da Educação Cid Gomes exigiu, antes de sair do ministério, que as instituições privadas deveriam reajustar as mensalidades em no máximo em 4,5%. “Quem define o valor das mensalidades são as instituições com base nos seus custos e projetos de investimento. Não existia nenhum projeto dizendo que estava previsto o aumento absurdo na energia elétrica, por exemplo. Para se ter uma ideia, a Unipar de Beltrão pagava R$ 19 mil e hoje paga R$ 32 mil de luz por mês. Com relação aos reajustes de mensalidades, o governo recuou porque lembrou que a maioria das instituições privadas são anuais e não semestrais. O reajuste de 4,5% não fazia sentido. Aí mudou para 6,41% que era o reajuste base. Nós, para não perdermos a chance de o aluno renovar seu Fies, renovamos com o percentual menor (4,5%) e aguardamos uma decisão da Justiça.”

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Despenca número de estudantes atendidos pelo Fies

Conforme Claudemir, essa mudança de regras do governo para se cadastrar no Fies afetou os alunos. Parte desses alunos fizeram o Enem sem compromisso algum, sendo que um dos requisitos para o aluno conseguir o Fies era tirar uma boa nota no exame nacional. “O governo diminuiu 40% da verba destinada ao Fies. Essa redução retirou 40% dos alunos que teriam direito ao Fies porque não atingiram a nota mínima. O governo ainda demorou pra abrir o cadastro do Fies, normalmente os cadastros eram abertos de janeiro a junho e de julho a dezembro. Quando abriu, complicou a vida dos alunos, isso porque os alunos tiveram poucos dias pra se inscreverem. O pior não é o governo ter deixado de explicar o que estava acontecendo, e sim tentar disfarçar o que estava acontecendo com uma cortina de fumaça.”

Desculpas esfarrapadas

Sobre as mensagens de problemas com as inscrições que estavam no site do Fies, Claudemir dispara: “Não tenho dúvida nenhuma de que as mensagens de erro eram colocadas propositalmente no site e o governo jogou a culpa nas instituições. Teve pais de alunos que me procuraram furiosos, aluno que veio até mim dizendo que estava em tratamento psicológico por passar horas de madrugada em frente aos computadores para conseguir se cadastrar. A verdade era uma só, o governo federal não tinha mais dinheiro para o financiamento estudantil porque exagerou na liberação de crédito em anos anteriores.”

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No Paraná 20% dos estudantes de instituições privadas dependem do Fies.

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