Grupo RBJ de Comunicação
Grupo RBJ de Comunicação,
20 de maio de 2024
Rádios

Após sofrer massacre, professores do PR decidem o que fazer daqui para frente

Educação e CulturaGeral

por redação

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Professores de todo o Paraná estão reunidos na sede da APP-Sindicato, em Curitiba, para decidir se a greve dos professores do Paraná continua. A reunião começou às 09h e segue durante toda a manhã. O sindicato orienta à professores e funcionários da rede estadual de ensino que estiverem na capital e região metropolitana para que se dirijam até a Praça 19 de Dezeembro, onde está montado o acampamento. As decisões tomadas pelo comando de greve serão repassadas no local.

O Tribunal de Justiça do Estado arbitrou uma multa diária de R$ 40 mil ao sindicato caso os professores não voltem ao trabalho. Caso seja decidido pela continuidade da paralisação, o movimento grevista irá ingressar contra a decisão judicial. O prazo para que a decisão seja cumprida (cinco dias) vence nesta sexta-feira (1º).

[Grupo RBJ de Comunicação] Após sofrer massacre, professores do PR decidem o que fazer daqui para frente — Foto: Daniel Castellano/Agência Gazeta do Povo
Foto: Daniel Castellano/Agência Gazeta do Povo

A quarta-feira, 29 de abril de 2015, será incluída no calendário de luto e de luta dos professores do Paraná. Mais de duzentas pessoas ficaram feridas após confronto com policiais militares, que, por ordem do Governo Estadual e da presidência da Assembleia Legislativa, montaram um cerco no entorno do Centro Cívico, impedindo a entrada dos professores na Assembleia, para acompanhar as votações do projeto de alteração na previdência do Estado.

Do lado de fora, professoras e professores, muitos com mais de 20 anos de carreira no magistério estadual, eram alvejados com balas de borracha e corriam de bombas de gás lacrimogênio e efeito moral. Muitas dessas balas e bombas saíram das mãos e das armas de policiais que um dia foram alunos desses mesmos professores. Manifestantes, profissionais da imprensa e até um deputado estadual levaram mordidas de cães da PM.

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Já no lado de dentro, no plenário da Assembleia, os deputados da base aliada do governo, pareciam viver em outra realidade. Permaneciam impassíveis em suas cadeiras, sorrindo, jogando conversa fora e consultando suas redes sociais. O presidente   da Casa, o deputado Ademar Traiano do PSDB, proferiu frases como “as bombas não estão na Assembleia, por isso vamos votar”, “O que ocorre lá fora não é problema desta Assembleia” e a sessão foi conduzida em sua normalidade. O projeto, alvo dos protestos, foi aprovado, com 31 votos favoráveis:

Alexandre Curi (PMDB), Alexandre Guimarães (PSC), André Bueno (PDT), Artagão Jr. (PMDB), Bernardo Ribas Carli (PSDB), Claudia Pereira (PSC), Cobra Repórter (PSC), Cristina Silvestri (PPS), Dr. Batista (PMN), Elio Rusch (DEM), Evandro Jr. (PSDB), Felipe Francischini (SD), Fernando Scanavaca (PDT), Francisco Bührer (PSDB), Guto Silva (PSC), Hussein Bakri (PSC), Jonas Guimarães (PMDB), Luiz Carlos Martins (PSD), Luiz Claudio Romanelli (PMDB), Marcio Nunes (PSC), Maria Victoria (PP), Mauro Moraes (PSDB), Missionário Ricardo Arruda (PSC), Nelson Justus (DEM), Paulo Litro (PSDB), Pedro Lupion (DEM), Plauto Miró (DEM), Schiavinato (PP), Tiago Amaral (PSB), Tião Medeiros (PTB) e Wilmar Reichembach (PSC).

[Grupo RBJ de Comunicação] Após sofrer massacre, professores do PR decidem o que fazer daqui para frente — Foto: Giuliano Gomes / PRPRESS
Foto: Giuliano Gomes / PRPRESS

As imagens de professores sendo brutalmente agredidos se espalharam pelo Brasil e pelo mundo. Jornais como o The New York Times, o El País, da Espanha, o Daily Mail, da Inglaterra, e canais de TV internacionais como o Fox News e Telesur destacaram a tamanha violência e o número de feridos na ação.

Um professor, pouco antes de ser atingido por uma bala de borracha, reconheceu que os policiais apenas cumpriam ordens, mas lembrou: “O governador Beto Richa também passou pelo banco das escolas. Ele devia ter, no mínimo, consideração”. Outra professora, extremamente machucada, questionou:” Eu sou professora há 23 anos e é isso que eu mereço? Levar bomba na cara, é isso que eu mereço?”, com lágrimas escorrendo pelo rosto, misturando-se ao sangue que saía de seus ferimentos.

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O governador, em entrevista, deu uma série de justificativas, que iam desde a presença de Black Blocks no meio do movimento dos professores até a decisão do Poder Judiciário para que os policiais atuassem a modo de proteger o patrimônio público, tentando justificar o inexplicável. Bombas e balas de borracha em professores? Ao consultar um dicionário você poderá encontrar a seguinte definição para professor: Pessoa que, por conhecimento adquirido ou experiência de vida, pode ser mentor, espelho e ou norte para outros que desconhecem fatos ou acontecimentos. Para o governo do Paraná, a definição para professor deve ser outra e com um tratamento muito “especial”.

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