Presidente do TJPR relata vida de seus antepassados em Palmas
Des. José Laurindo relatou a longínqua presença de familiares em terras palmenses, desde seus tataravós.
Educação e Cultura
Os fatos e personagens da bicentenária história de Palmas e região dos Campos, são contadas nas páginas do Livro a “Histórias do Judiciário Paranaense”, de autoria de desembargador, Robson Marques Cury, lançada em abril de 2022. Publicados também na página do Tribunal de Justiça do Paraná faz referência aos antepassados do Desembargador, José Laurindo de Souza Netto, atual Presidente do TJPR, que viveram e construíram a história pelas terras palmenses, ainda no século XIX.
A obra também menciona o contexto da constituição das fazendas, a Guerra do Contestado e de pessoas que construíram a história do município e região, como o Coronel Domingos Soares e diversas outras pessoas, todos familiares do magistrado.
“Hoje tenho a grata satisfação de participar do livro intitulado: A História do Poder Judiciário Paranaense e a felicidade de contar um pouco sobre a história da minha família e de meu Pai, João Laurindo de Souza Netto”, menciona o presidente do TJPR, condecorado com os títulos de Cidadania Honorária de Palmas, e recentemente, também de Clevelândia.
RELATOS DE JOSÉ LAURINDO
“A geração dos meus tataravôs, por exemplo, era de muita fé. Era corajosa e destemida. Meu tataravô, Coronel Pedro Ribeiro de Souza (1799-1881), foi um dos primeiros povoadores dos campos de Palmas, sendo proprietário da Fazenda Trindade, onde nasceu meu bisavô João Laurindo de Souza, que, após casar-se com Maria Angélica Maciel de Souza, adquiriu e desenvolveu a Fazenda Arvoredo.
O meu tio-bisavô Coronel Domingos Soares, dá nome ao município paranaense criado pela Lei Estadual nº 11.265/1995. Descendente dos desbravadores do sertão paranaense, desde cedo assimilou as virtudes dos antepassados, de trabalhador incansável no sentido de ampliar a missão empreendida pelos primeiros bandeirantes da região em que nascera. Casou-se com D. Maria Lourenço do Araújo e tinha o desejo de contribuir para o progresso da cidade de Palmas. Exerceu diferentes cargos no município, como Prefeito em dois exercícios (entre 1912/1916 e depois 1925/1928) e Deputado Estadual (nas legislaturas de 1908 a 1918). Criou vários projetos inteligentes e sempre optou pela mediação e autocomposição amigável, exteriorizando o seu espírito conciliador, o que lhe permitiu um grande prestígio em todas as esferas.
Em seu primeiro mandato como Prefeito de Palmas, teve uma participação épica como mediador da chamada Guerra do Contestado, conflito armado de posseiros e pequenos proprietários de terras contra os Governos do Estado do Paraná, de Santa Catarina e Federal, diante da desapropriação de terras para a construção da estrada de ferro que ligaria São Paulo ao Rio Grande do Sul.
Na posição de Prefeito da cidade, viu-se no dever de conciliar o conflito e aproximar o Coronel João Gualberto, comandante das tropas militares do Paraná, e o Monge José Maria, líder dos revoltosos. Em 18/10/1912, acolheu o destacamento militar nas adjacências da Fazenda São Joaquim e prestou toda espécie de auxílio às tropas. Demonstrando seu espírito conciliador, intercedeu entre as partes envolvidas, no intuito de alinhar meios alternativos para a resolução do iminente conflito. Para tanto, foi ao encontro do Monge José Maria e seus aliados (cerca de 8 mil homens armados) e propôs um ajuste de termos para finalizar a controvérsia. Em que pese a dedicação na missão pacificadora, o conflito armado foi inevitável. Contudo, a memorável atitude de humanidade do Coronel Domingo Soares, ficou marcada na história.
Em 1891, na Fazenda Arvoredo, nasceu o meu avô, José Laurindo de Souza, que em 1923 tornou-se proprietário do Cartório de Registro Civil e Imóveis da Comarca, tendo assinado o primeiro livro de registro da Comarca. Casou-se com a minha avó, Dona Maria Araújo de Souza e desta união tiveram filhos, dentre eles o meu Pai, João Laurindo de Souza Netto.
O Pai João sempre foi uma pessoa incrível, um exemplo a ser seguido, um ser humano em toda a sua essência. Casou-se com a minha querida Mãe, Dora Herderico de Souza, uma mulher formidável, sempre dedicada à família. Professora, contribuiu com a formação e educação de muitas pessoas. Tiveram 8 filhos e 22 netos.
O Pai estava sempre disposto a auxiliar as pessoas. Preocupado com os problemas do país e do mundo, lançou as bases para um pensamento autônomo no intuito de promover um agir consciente em prol da sociedade. Também contribuiu muito com a Academia, escrevendo sobre as relações sociais, sobre respeito e sobre humanidade. A biografia de João Laurindo segue com outros episódios de sua vida(Leia Mais)