Prematuridade e cuidados intensivos neonatais: entrevista com a Dra. Caroline Bortolotto
No Hospital Regional de Francisco Beltrão, cerca de 30% dos bebês nascidos requerem algum tipo de intervenção
Saúde
Novembro não é apenas marcado pela campanha de conscientização do Novembro Azul. É também o “Novembro Roxo”, mês dedicado à conscientização sobre a prematuridade. Em entrevista exclusiva à Rádio Onda Sul FM, a Dra. Caroline Bortolotto, responsável pela UTI neonatal do Hospital Regional de Francisco Beltrão, falou sobre o aumento de casos de prematuridade e os desafios enfrentados por pais e profissionais de saúde para garantir o desenvolvimento saudável de bebês prematuros.
Dra. Caroline enfatizou a importância de evitar a romantização da prematuridade. “A prematuridade é um fator crescente. Temos bebês nascendo cada vez mais prematuros, mais jovens, menores. Então, é fundamental conscientizar as pessoas para que tratem o tema com o devido respeito”, afirmou. Segundo ela, embora seja comum ouvir pessoas mencionarem com orgulho que nasceram prematuras, esse cenário traz riscos significativos para o desenvolvimento do bebê, podendo resultar em consequências a curto, médio e longo prazo.
Na UTI neonatal, a realidade é desafiadora para os pais, que muitas vezes veem seus sonhos desconstruídos ao lidarem com a fragilidade dos bebês. “Os pais ficam ansiosos e preocupados com o futuro. Ninguém sonha em ter um bebê que precise ir diretamente para a UTI. Esse é o motivo pelo qual a prevenção é tão importante”, explicou Dra. Caroline.
Ela também destacou os avanços nos tratamentos e os recursos disponíveis para ajudar no desenvolvimento dos prematuros, embora ressalte que o ideal é evitar a prematuridade. “Hoje em dia, temos muitos recursos técnicos, terapêuticos e medicamentos que ajudam a prevenir uma série de complicações. Mas é importante lembrar que quanto mais baixa a idade gestacional, maiores são as complicações”, alertou.
Questionada sobre as causas da prematuridade, Dra. Caroline explicou que elas são multifatoriais, com destaque para fatores maternos, como doenças pré-existentes ou adquiridas durante a gravidez. A prevenção, portanto, começa com o acompanhamento da saúde materna desde o início da gestação.
**Números alarmantes**
No Hospital Regional de Francisco Beltrão, cerca de 30% dos bebês nascidos requerem algum tipo de intervenção na UTI neonatal, sendo que já houve meses com até 40 internações. Em média, mais de um bebê por dia precisa de cuidados intensivos para enfrentar os desafios de nascer antes do tempo.
**Uma história de luta e esperança**
Durante a entrevista, a Rádio Onda Sul FM também conversou com Marciano Ossa, pai do pequeno Davi, nascido prematuro com apenas 1,3 kg. Desde o dia 28 de agosto, Davi está em tratamento no hospital, com o apoio constante da equipe médica. “Cada dia é uma vitória. Agora ele já pesa 2,39 kg, e estamos ansiosos para levá-lo para casa em breve”, compartilhou Marciano emocionado.
A história de Davi é um exemplo do trabalho dedicado de médicos e enfermeiros da UTI neonatal do Hospital Regional e da força das famílias que enfrentam de perto o desafio da prematuridade.
O “Novembro Roxo” nos lembra da importância de conscientizar a sociedade sobre a prematuridade, incentivando cuidados pré-natais e apoio aos pais. Para Dra. Caroline e sua equipe, cada pequena vitória de um bebê prematuro é uma celebração e um passo em direção a um futuro mais saudável.