PODCAST RBJ: Lei de Libras completa 23 anos e reforça luta por inclusão em Francisco Beltrão
Presidente da ASSBEL destaca avanços, desafios e a importância da língua de sinais para a comunidade surda
RBJ TV e Especial Publicitário
por Deise Bach

Na semana em que se comemora o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), a Rádio Onda Sul recebeu o presidente da Associação dos Surdos de Beltrão (ASSBEL), Lucas Rigon Link, acompanhado da intérprete de Libras, Anitta Schmidt, para falar sobre os avanços e desafios enfrentados pela comunidade surda em Francisco Beltrão.
Lucas, que já presidiu a associação por duas gestões, ressaltou a importância da data para a comunidade e relembrou a trajetória de lutas até a implementação da Lei de Libras, em 2002. “Essa lei foi um divisor de águas para o povo surdo. Antes dela, a metodologia usada nas escolas era oralista, e muitos de nós eram forçados a aprender a fala, o que não funcionava para a maioria. A partir dessa mobilização, conseguimos a aprovação da lei e, com isso, vieram outras conquistas importantes em todo o país”, explicou.
Segundo Lucas, a legislação garantiu a visibilidade da língua de sinais e abriu caminho para o fortalecimento de políticas de inclusão, mas ainda há muito a ser feito. “Apesar dos avanços, ainda encontramos crianças surdas que aprendem Libras tardiamente por falta de informação nas famílias. Nosso trabalho de divulgação é fundamental para garantir o direito dessas crianças à educação, priorizando a língua de sinais e a língua portuguesa na modalidade escrita”, destacou.
Avanços em Francisco Beltrão
Fundada em 1995, a Associação dos Surdos de Beltrão completa 30 anos de atuação em 2025. Nesse período, a entidade se tornou referência na defesa de direitos e na promoção da acessibilidade linguística no município. Entre as conquistas, Lucas citou a criação da Central de Intérpretes de Libras, inaugurada em 2019 em parceria com a prefeitura, e o Centro de Apoio ao Surdo (CAS).
“A Central de Libras atua nos serviços públicos, garantindo comunicação acessível em consultórios médicos, no SUS, Ministério Público e outros espaços. Já o CAS foca na formação de professores bilíngues, tradutores e intérpretes, além de ofertar cursos de Libras para profissionais da educação”, explicou.
A atuação da associação também se estende à elaboração de projetos de lei em conjunto com a Câmara de Vereadores, buscando melhorias no atendimento à população surda. “Nosso município avançou muito, mas a falta de informação ainda é um obstáculo, tanto para surdos quanto para ouvintes. Continuamos lutando por espaço e respeito, para que nossos direitos sejam garantidos”, pontuou Lucas.
Além da defesa por inclusão em serviços públicos, a ASSBEL também trabalha com projetos voltados à educação, saúde, esporte e lazer, fortalecendo a identidade cultural da comunidade surda.
Diferenças regionais e cultura surda
Durante a entrevista, Lucas também explicou que, assim como a língua falada, a Libras possui variações regionais. “Cada região tem suas particularidades linguísticas. Um sinal pode variar de acordo com o estado, assim como o português tem seus sotaques”, observou.
Para quem deseja conhecer mais sobre a atuação da associação ou obter informações sobre cursos e serviços, Lucas orienta que os interessados procurem profissionais nas escolas Maria Basso Dellani e Colégio Suplicy, onde há atendimento especializado.
“Precisamos continuar divulgando a Libras para que mais famílias tenham acesso a essa informação e, assim, proporcionem uma formação adequada às crianças surdas. A luta é diária, mas seguimos avançando”, concluiu.