Opinião: Quem odeia política

Por Larissa Mazaloti

A última enquete realizada no Portal RBJ, por aproximadamente um mês teve a participação de 309 pessoas.

A pergunta era a seguinte:

Horário Eleitoral: você ouve no rádio?

E as alternativas, com o resultado:

Sim. Acho chato, mas acabo ouvindo -12%
Não. Acompanho apenas pela televisão – 12%
Não, mas se tivesse tempo ouviria – 2%
Sim. Acho que é uma oportunidade de conhecermos os candidatos – 8%
Não. Eu odeio política – 66%

O resultado da enquete é um reflexo que não causa surpresa, já que a maioria dos brasileiros, de fato, já não acredita na política. No entanto, trata-se como política de um modo geral, as ações de corrupção e a ausência ou má atuação do Estado nas questões mais necessárias à vida, em algum momento da história de um País, Estado ou Município.

Acontece que, a política em si, na origem da palavra faz parte da vida de todos, sem exceção alguma. A criança que “negocia” com os pais um brinquedo de presente faz política. Os pais que “negociam” o presente em troca de boas notas corrompem de certa forma, as crianças. Sendo assim, crescemos num ciclo vicioso de trocas, barganhas, e uma grande confusão do que é direito e dever.

Não sabemos direito, ou sabemos e fazemos de conta que não, o que é nossa obrigação fazer e o que fazemos por altruísmo, se assim pode-se dizer. Um exemplo claro é o mérito exacerbado que se dá a um prefeito que constrói uma escola. Poxa, ele foi eleito exatamente para isso e ainda recebe um salário para cumprir estas e outras funções. É obrigação.

Se um vereador propõe um projeto de lei que beneficia a população, não é porque ele é bonzinho, é porque ele deve fazer isso, ele serve para isso.

Mas sinceramente não é possível encontrar o ponto onde a humanidade se perdeu. Não se sabe se é o “político” ou o “cidadão” o mais corrupto. E a coisa não para. Imagine que agora, em época de campanha eleitoral, pessoas passam de comitê em comitê, sem importar que partido ou que propostas tenha um candidato, e perguntam: “O que vocês estão dando? Tenho cinco votos lá em casa, que tal um tanque de gasolina?” e quando não conseguem VENDER O VOTO, saem bastante irritados. Justificam tal atitude: “Eles roubam da gente mesmo, tem mais é que dar as coisas se querem o voto”. Pode???

Sobre odiar política, deixo para Bertolt Brecht, que é muito melhor do que eu com as palavras.

O Analfabeto Político
Bertolt Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

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Abaixo, texto em áudio