“Operação Mulher Segura” discute combate à violência em Francisco Beltrão

Na manhã desta terça-feira (26), Francisco Beltrão sediou o evento de lançamento da campanha “Operação Mulher Segura – De Homem para Homem”, na Associação Comercial e Empresarial (ACEFB).

Com palestras ministradas pelo delegado José Pacheco da Silva Junior, da 19ª SDP, e pela equipe da Patrulha Maria da Penha, do 21º BPM, o encontro propôs reflexões sobre a responsabilidade masculina na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Conscientização de dentro para fora
O delegado José Pacheco destacou a importância de reconhecer o machismo enraizado na sociedade:
“Não basta identificar o problema sem nos enxergarmos nele. Muitas vezes, o homem tenta resolver conflitos por meio da violência, fruto de uma cultura patriarcal. Precisamos nos conscientizar para promover uma virada de chave e não tolerar mais nenhum tipo de violência.”

O evento abordou temas como a objetificação da mulher e a normalização de comportamentos tóxicos. “Quantas vezes ouvimos frases como ‘se ela não for minha, não será de mais ninguém’? Isso reflete a ideia de posse sobre a mulher, o que é inaceitável. É preciso mudar essa mentalidade,” enfatizou Pacheco.

Educação como ferramenta de prevenção
O delegado-chefe da 19ª SDP, Ricardo Moraes, destacou o papel da educação e da conscientização em diferentes faixas etárias:
“Iniciamos o projeto com palestras para mulheres, avançamos para conversas em colégios, e agora estamos focando nos homens. A luta contra a violência doméstica não é só das mulheres; é uma responsabilidade de toda a sociedade.”

Moraes também chamou a atenção para o ciclo da violência e a necessidade de romper com padrões culturais tóxicos:
“Muitas vezes, comportamentos considerados normais, como xingamentos, são formas de violência. Esse debate é essencial para que os homens entendam seu papel na redução da violência doméstica.”

Dados que chamam a atenção
Durante o evento, foi mencionada uma pesquisa reveladora: 83% dos homens entrevistados concordaram que o Brasil é um país machista, mas 80% deles não se consideraram machistas. “Isso mostra que precisamos refletir sobre nossas ações e comportamentos,” afirmou Moraes.

A campanha, idealizada pela Secretaria de Estado de Segurança Pública, busca engajar toda a sociedade na luta contra a violência de gênero, promovendo diálogo, conscientização e respeito.

Dados reforçam necessidade de ação
De acordo com a 19ª Subdivisão Policial (SDP), até outubro de 2024 foram registrados:

• 870 boletins de ocorrência,
• 672 inquéritos policiais instaurados,
• 885 inquéritos relatados, e
• 431 medidas protetivas solicitadas.

Os números evidenciam a gravidade da violência contra a mulher na região e a urgência de iniciativas preventivas e repressivas.