“O Brasil precisa de um projeto nacional, algo complexo, com começo, meio e fim”, afirma Ciro Gomes

Um auditório cheio para ouvir assuntos relacionados à política, economia, história e Brasil. Por mais de duas horas, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) ministrou palestra para estudantes e comunidade em geral, durante sua passagem em Francisco Beltrão, na última sexta-feira (30).

A palestra aconteceu à noite, no Auditório da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná). No período da tarde Gomes participou de um painel no 1º Seminário do Dia Internacional do Cooperativismo, evento promovido pela Unicafes-PR (União de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária) em parceria com a Unioeste.

Entre um evento e outro, ele fez uma pausa para atender a impressa. Por mais de 25 minutos, respondeu os mais variados questionamentos. “Em fases de bonança o setor público deve ser austero, e em fases de depressão econômica, como é flagrante a pior depressão da história, o estado deve ser expansionista para compensar a depressão econômica. Estamos fazendo o oposto, como alguém que vai apagar a fogueira com um botijão de gasolina”, diz Ciro Gomes.

Sobre possíveis soluções para o Brasil sair da crise, o presidenciável destaca, “o Brasil precisa de um projeto nacional, algo complexo, com começo, meio e fim. Mas precisamos entrar numa dinâmica de interromper a desindustrialização. Este ano, estamos na mesma proporção que tínhamos de indústria no PIB (Produto Interno Bruto) ao que tínhamos em 1910. A pista desta reindustrialização está em grandes blocos, onde Brasil tem protagonismo, potencialmente global e tem expertise tecnológica razoável ou pode alcançá-la com menos dificuldades. Bioenergia, complexo do agronegócio, complexo industrial da defesa e complexo industrial da saúde. Esses quatro grandes blocos têm a chance de inverter o quadro de desindustrialização e começar a produzir excedentes”.

Outro tema abordado foi referente ao pleito eleitoral de 2018. Ciro aparece entre os nomes mais cotados para disputar a eleição presidencial. “Já fui candidato a presidente do Brasil duas vezes, e deveria pensar mil vezes antes de ser de novo. Por que a pessoa que pensa o que eu penso, fala o que eu falo está condenada a assar o pão que o diabo amaçou, na candidatura, campanha e se for governar. Mas a minha vocação é essa, o povo brasileiro merece qualquer dedicação que eu seja capaz de dar. Portanto, estou animadíssimo e só depende de uma questão, do meu partido decidir que eu seja”.

Sobre a instabilidade que cerca o atual governo de Michel Temer, Gomes acredita que Temer contínua no governo. “Há 10 anos chamei Michel Temer de ladrão, chefe de quadrilha, ele me processou. Há 10 anos chamei Eduardo Cunha de ladrão, ele me processou. A elite brasileira gosta de se enganar e agora estamos vendo o que está acontecendo. Pela primeira vez na história do Brasil, uma quadrilha está dentro do Palácio do Planalto, articulando toda ferramentaria do poder nacional para fugir da cadeia, isso é algo chocante. Então pesando e medindo acho que ele fica”.