Grupo RBJ de Comunicação
Grupo RBJ de Comunicação,
18 de abril de 2024
Rádios

História de rádio, história de vida

Notícias de Francisco Beltrão, Palmas e da região Sudoeste do Paraná

Geral

por redação

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Por Adair De Toni

 

Se alguma coisa boa houver na experiência, devo deixar claro que sempre busquei no rádio um veículo para transmissão de felicidade, a transmissão de motivação e pensamento, e não uma técnica de expressar palavras. Sempre vi no rádio um meio de transmitir reflexão e sensibilidade, como conseguem tão bem os músicos e suas composições.

 

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A memória me grita e, por conseguinte, volto no último ano da década de 1970 quando entrei no rádio, levado pelas mãos de Domingos Bertaiolli, um dos baluartes do rádio no Sudoeste do Paraná. O sábio que entendia de programação, de parte comercial, técnica e gerencial. Grande parte do que sei, aprendi com o mestre. Lá se vão trinta e poucos anos. Neste período passei por poucas e boas. E não digo isso só por mim, mas por todos aqueles que têm o rádio como vício.

 

Se é do ramo “rádio”, deve ter passado por algumas destas situações e vai se identificar com certeza: Entrar num estabelecimento comercial e ouvir a emissora concorrente, ou encontrar no local um colega da uma segunda emissora e o som ambiente é de uma terceira emissora e os dois ficarem com cara de “O QUE É QUE EU FAÇO AGORA?” Já ouviu: “Nossa, pela sua voz pensei que você fosse mais bonito/ alto/ magro!” ou pior: “nossa, pensei que fosse um homem”. Tranqüilizou-se quando teve dor de barriga, azia, torcicolo, etc. Mas se desesperou quando começou aquela dorzinha de garganta. Ficou até depois da meia noite na rádio produzindo uma chamada e os colegas espalharam que você estava de caso com alguém dentro do estúdio. Quando tem um evento importante na cidade, sempre aparecem os “amigos” tentando um ingresso free. Já perdeu a conta dos comerciais que gravou e não foi pago ou então os convites para apresentação de cerimoniais e quando você faz o preço o interessado disfarça ou pior, diz: “Mas fulano faz de graça”.

 

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Se até agora, você não se enquadrou em nenhuma destas, aqui tem mais, afinal, o mundo radiofônico é recheado de fatos, atos e frias. Se isto nunca aconteceu com você é porque você está começando a trabalhar neste segmento só hoje: Foi vítima de um colega invejoso mau caráter. (Ainda bem que isso é bem raro). Já deve ter ouvido o chavão “Ou o rádio ou eu!”. Já chorou com uma notícia que acabou de ler, mas abriu o microfone sorrindo.

 

Já passou mal no ar. Passou fome no ar. Acabou se enrolando na hora de identificar a rádio e acabou saindo o prefixo da antiga emissora. Teve que agüentar alguém dizer “Locutor? Então fala aí com voz de radialista!” Entrevistou artista impaciente e antipático ou aquela bonita e burra. Hoje quase não ouve cd, só rádio no carro. Apelou pro Miojo de madrugada e achou uma delícia. Já escutou “Você é radialista? Que legal, ganhar bem e ficar ouvindo música o dia inteiro!” ou então “Vocês locutores devem pegar um monte de mulher , né?” Ficou louco para usar as novas vinhetas cantadas da rádio e o diretor aparece com a frase “Só na semana que vem”. E muitas outras:

 

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– Chegou atrasado e levou uma chamada do chefe.
– Fez participação com ouvinte lento que só responde “sim” e “não”.
– Esqueceu de ler a notícia antes e errou a pronúncia no ar.
– Reclama do salário, mas ama o que faz.
– Esqueceu o microfone aberto.
– Soltou um palavrão no ar.

 

Hoje o rádio está transbordando de talentos e de “tão lentos”, grandemente por culpa de diretores que só pensam no “cifrão”, mas esquecem da qualidade. Quando ouço esta garotada, muitas vezes, com potencial impressionante, mas muito mal preparada, chego a lamentar o futuro da comunicação em rádio. Para radialistas capazes é necessário persistência e investimento cultural. E investimento é algo que poucos querem apostar.

 

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É por isso que voltando ao final dos anos 70 tenho a clara visão de que fazer rádio naquela época era uma soma de suor e criatividade e também era a soma do prazer, da satisfação e do reconhecimento em ser um locutor.

 

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